A queda do funâmbulo

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Como um funâmbulo a se desequilibrar em queda-livre no picadeiro após décadas de treino, sabe-se de certos fulgores que se substituem por outros.
Há certas feridas que, de tão profundas, reviram o estômago e trazem consigo um enjoo como nunca antes experimentado, de vômito cinza e estrelas pontiagudas perfeitamente cortantes.
Sabe-se hoje das desilusões tão grandes, que nos empurram do mais alto dos precipícios do que antes, imaginava-se, era só prelúdio: e a dor da recém-descoberta catarse surge com maior impacto durante a queda do que no próprio despencar no abismo – e o deslocado sangra, mas sangra aqui, do lado de dentro da alma.

Olhos fechados:
fugaz, todo o universo assume tons de vermelho gritante:
ou tudo, ou nada.

Sem que se desse conta, concluía-se todo o processo de sua metamorfose no mais perfeito dos equilíbrios.