Pra te acalmar

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Sabe aqueles teus dias pesados? Aqueles, chuvosos, frios, envoltos por todo o desgaste e a fúria do mundo todo pressionando os teus ombros, e que te fazem chegar em casa querendo bater todas as portas, jogando tudo pela casa, chutando os sapatos pelos ares e se jogando na cama bagunçada para nunca mais levantar? Pois te digo que, diante de tanta luz, fica fácil interpretar essa tua voz cansada. E que bem sei o quão ruim pode ser terminar um dia sem abrir um sorriso sequer, ainda consciente de onde vem tanta dor, que compartilho com você. Não tem graça sorrir se não vejo de volta os seus lábios esboçarem mil obras de arte inteiras em um só gesto.
Então me deixa ficar aqui com você... Vem. Me deixa passar meus dedos sobre a sua nuca, emaranhá-los por entre os fios do seu cabelo, da sua barba, do seu peito. Fecha os olhos e vem. Me deixa acariciar teu rosto, pressionar minhas mãos sobre os seus ombros, assim, até toda essa fúria ir embora. Permita que eu te acaricie por horas a fio, apenas na companhia do som suave da sua respiração tranquila unida a minha. Abre as asas e vem, aos sussurros, baixinho, suave como o vento lá fora — agora que você está aqui dentro. Vem, vem sem rima, sem rodeio e sem demora.
Eu vou.