Entrada à poemasfera

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Serena,

Pude sentir energias tão diferentes em torno de teu ser! Tua alma vibrava entre a constante variação de cores bem timbradas e discretas. Posso esperar isso mais vezes partindo de ti, ou não devo habituar-me à materialização de meu eterno desejo?




Garret,

Pois trate de se habituar às minhas mutáveis personalidades — apenas não as carinhosamente denomino por "luas" pois não demoro tanto à mudar de expressão. Mas diga-me: como notara os ânimos de minh'alma? Prometo tentar não ser mais alguém tão previsível desse modo — só não prometo conseguir. Não quando se trata de você. De mim. De nós.
Serena, Serena,

Ah!, este momento em que abro a caixa de cartas e deparo-me com a sua letra!
Devo novamente evidenciar que és o que sempre quis, não é? Pois o farei. Minha cara, conheço-te por completo, ainda que não tenha aparente ideia disso. Serei você? Estarei você? Como dizer? Talvez viva apenas o milagre – que as Ciências não explicam, e as Artes veneram. 


Ímpar Garret, 

Sinto ainda que não sei ao certo quem és, mas adoraria que fosse capaz de me fazer compreender os motivos que tenho para ter perdido o sono nesses últimos meses em que temos nos correspondido assim, de modo tão inusitado. Eu nem ao menos tenho parcial conhecimento sobre quem és — mas é incrível o quanto posso afirmar que és o responsável por tal fato. Filósofos, psicólogos, cientistas, poetas, pintores: eis o grande brilho dos últimos dias! Mas nem Aristóteles, nem Freud, nem Einstein – você ultrapassa análises e equações. Você supera também Homero, Dante, Michelangelo e até mesmo Rembrandt. 
Sua alma, vejo e sinto: essa alma tão densa! É um forte enigma aos meus olhos.
É possível desvendá-lo?
Quem é você? Ao mesmo tempo real e tão místico, tão verdadeiro e onírico.
O que tem você? Indago pleno e radiante (a cada vez que surge); ou oco e opaco (previsível).
E que mistério une as cabeças, minhas e tuas? Que força aproxima? E onde, onde ela falha, se depois separa? Você é a inimaginável síntese de todo imaginário, do que se lê nas lendas e se vê nos mais bem-feitos dos enredos, do que se contempla na arte e ferve em cada verso. 
Mito com rosto e endereço, que acorda e boceja, sorri e sofre.
Você. Exatamente... você.  



Serena, sempre Serena,

Desconhecer a ti seria algo fora de cogitação. Ora! Vives habitualmente em meus sonhos! Jamais o invisível fez alguém tão concreto...