Démodé amour. Amour démodé.

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Havia mesmo aquele típico frio na barriga. Ela sentia borboletas voarem sem a mínima cessão em seu estômago. Quase tropeçara inúmeras vezes da escada ao descê-la tão depressa que pulava, ao menos, dois ou três degraus de uma só vez.
Não se sentia normal. Via todas as outras pessoas agindo consuetudinariamente ao seu redor, e lá estava ela, voando por entre as nuvens mais rarefeitas daquele céu tão azul, azul tão céu. Iluminado pelo sol. Tão lua!
Desviava-se das gotículas de chuva que ameaçavam cair, molhando sua pele pálida e fria. Ela não enxergava nada negativo nisso tudo. Ela queria sentir-se assim.
Sempre autodenominava-se
incomum ao observar a vulgaridade presente na órbita de cada pessoa que podia enxergar ali em sua frente, vendo-as agir tão comumente. Pura trivialidade.
Todos pareciam tratar com total indiferença essas coisas tão estranhas que sentia.
Ela não era mesmo comum. Mas sabia que ele a aceitava da exata maneira que era. Ele contentava-se com um simples sorriso, um abraço. Um cheiro, um beijo, um afago. Agradava-se até mesmo com suas brincadeiras sem a mínima graça e sentido. O importante era tanto vê-la quanto ser feliz. Nada mais importava além de seus momentos juntos. Únicos e indefiníveis.
Mas nada, nada mesmo, parecia mudar seu conceito sobre si mesma de ser tão esquisita. Ela sabia disso. Todos podiam enxergar essa dura realidade.
Mas não havia com o que se preocupar. Ela sabia. Sabia que ele gostava dela como realmente era. Mesmo que caminhasse sempre em direção oposta as tantas outras pessoas anormais à seu ponto de vista. Tão esquisito quanto ela.
Ele gostava até mesmo de suas mais estranhas manias. Admirava, inclusive, sua incerteza sobre o mundo e sobre sua própria personalidade.
Caminhavam sempre pela tarde, passando propositalmente por aquela praça tão conhecida por eles. Conheciam-se sempre mais. Eles podiam. Eles eram felizes. Nada mais podia interferir no que sentiam...
Amor.

Afinal, apaixonar-se atualmente não pode ser assim, tão démodé.