Céu absorto

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Uma vida
Eu quero revivê-la por inteira a todo instante
Embora nunca seja o bastante para poder ressentir todo aquele fervor
sentido ao ver-te flutuar sobre as mais negras nuvens...

... Colhendo as estrelas que mais luzem,
abominando as que viveram apagadas até então

O brilho no céu é crescente
ao cruzarem com tua alma:
um veemente desejo de ter a lua para si,
no céu do teu quarto, iluminando todo o teu ser

Vivo equilibrando-me
sobre valetas das mais estreitas ruas
Aguardando, quem sabe,
uma estabilidade utópica ao fim do caminho?

Ora!, quem diria!,
que eu alcançaria,
algum dia,
o final daquela velha rua dos sonhos?

Só não esperava,
somente,
que lá encontraria um bueiro destampado
E ainda menos que ao final dele estaria um mar de ferraduras partidas

Respirei profundamente
e apaguei todos os traços abstratos
que havia feito naquele papel sem linhas,
completamente desconhecido, sem que fosse feito ao menos a partir do meu consentimento

Talvez seja realmente melhor
abrir um guarda-chuva que se adapte a cada ambiente
Assim como o olho de um camaleão,
mutável, e ao mesmo tempo tão estáveis.

Às vezes parecia
que o jeito mais conveniente de se improvisar
era agir como um "monoblepso":
enxergar a perfeição. Com um dos olhos fechados.