Redemoinho de Memórias

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"Os olhos tinham um brilho imensurável, e seu sorriso mais parecia o iluminador daquele ambiente. A sala-de-estar refletia a brancura de su'aura, unida à inocência e a alegria de estar ali: exatamente onde estava. A blusa da garota, ao seu lado, camuflava-se e envolvia-se com a vermelhidão do violão em suas mãos. 'Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?'. Suas vozes cantarolando, unidas, eram capazes de abafar a do próprio autor da canção, líder da Legião Urbana — um gosto nada particular.
Os quadros expostos na parede simbolizavam o afeto familiar, presenteados por parentes distantes. A guitarra portuguesa do século passado, propriedade de seu bisavô, comprovava que a paixão musical borbulhava por suas veias, dependurada ao lado da velha vitrola, tão habituada a gritar rock 'n roll."

Fechei o caderno logo em seguida de ter arrancado a folha repleta de rasuras, comprimindo-a em meu peito. As lágrimas atingiram em cheio o velho baú, repletos de fotos e demais materializações de memórias: Memórias nem tão distantes assim, presentes constantemente em cada batida emergida de meu coração.